Mulher Carne / Coisas Vivas
Os trabalhos mais conhecidos da artista são suas performances da série “Homem=carne/Mulher=carne” como, por exemplo, “O puxador”. Neste trabalho, um homem veste apenas uma mochila da qual saem cordas compridas que atravessam a janela e prendem-se em árvores externas ao espaço expositivo. Ele tenta, durante horas e com todas as suas forças, trazer a paisagem para dentro do espaço. Ações repetidas, exaustivas e de certa forma condenadas a não se realizarem são uma marca de sua produção. O fato de a artista não realizar ela mesma as suas performances revela uma parte importante de seu pensamento. Aqui não está mais em jogo a utilização do corpo do artista como suporte para obras de arte, tampouco se atribui a sua exibição no meio artístico algum poder de choque. Por causa do hibridismo de suas obras, desenvolveu um glossário próprio para defini-las.
Imagens – “Acredito no poder das imagens. Ideias nunca são claras. A imagem artística é um comprometimento do artista, que, consciente da história da arte, debruça-se sobre a arte e a história. E cria um tipo de conhecimento intrínseco, que não está submetido a nada. Nem à moral, à engenharia, à matemática, a nada. Ainda que estabeleça diálogo com tudo isso.
Filosofia – “Quem sai do curso de filosofia tende a caminhar para historia da filosofia. Preferi exercitar a filosofia no meu trabalho. Foi no curso que percebi que há estruturas diferentes de pensamento, que discutem um mesmo ponto: um saber intrínseco, a possibilidade de construir linguagem. Não faço obras a partir da filosofia, mas ela permeia todo o meu trabalho.”
Colecionador – “Ele pode ser um pensador que também cria linguagem com a sua coleção. Para tanto, precisa estar atento à dimensão de construção de linguagem que tem uma coleção de arte; ter sentido de responsabilidade histórica; ir abrindo possibilidades novas, à medida que vai construindo, com a visão dele da arte, aquele compêndio histórico.”
Carreira – “Sou profissional que faz perguntas sobre a arte e o sistema de arte, que se coloca também politicamente. Inclusive quando afirmo que um trabalho meu é colecionável. O mercado deve se transformar em função do trabalho do artista e não o contrário. Inhotim é uma instituição que faz isso. Ainda é uma exceção, mas espero que no futuro não seja. Já vejo outros museus no mesmo caminho.
Comentários
Postar um comentário