Mulher Carne / Coisas Vivas



Laura Lima (Governador Valadares, MG, 1971). Graduada em Filosofia pela UERJ. Freqüentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Laura co-dirige com Ernesto Neto e Márcio Botner a galeria de arte “A Gentil Carioca”, no Rio de Janeiro desde 2003. “O que faço são construções poéticas”, conta Laura Lima. Que surgem organizadas e, aos poucos, vão se soltando de sistemas muito ordenados. São imagens que levam à percepção do espaço a partir de algo que ocorre

Os trabalhos mais conhecidos da artista são suas performances da série “Homem=carne/Mulher=carne” como, por exemplo, “O puxador”. Neste trabalho, um homem veste apenas uma mochila da qual saem cordas compridas que atravessam a janela e prendem-se em árvores externas ao espaço expositivo. Ele tenta, durante horas e com todas as suas forças, trazer a paisagem para dentro do espaço. Ações repetidas, exaustivas e de certa forma condenadas a não se realizarem são uma marca de sua produção. O fato de a artista não realizar ela mesma as suas performances revela uma parte importante de seu pensamento. Aqui não está mais em jogo a utilização do corpo do artista como suporte para obras de arte, tampouco se atribui a sua exibição no meio artístico algum poder de choque. Por causa do hibridismo de suas obras, desenvolveu um glossário próprio para defini-las.

Imagens – “Acredito no poder das imagens. Ideias nunca são claras. A imagem artística é um comprometimento do artista, que, consciente da história da arte, debruça-se sobre a arte e a história. E cria um tipo de conhecimento intrínseco, que não está submetido a nada. Nem à moral, à engenharia, à matemática, a nada. Ainda que estabeleça diálogo com tudo isso.
Filosofia – “Quem sai do curso de filosofia tende a caminhar para historia da filosofia. Preferi exercitar a filosofia no meu trabalho. Foi no curso que percebi que há estruturas diferentes de pensamento, que discutem um mesmo ponto: um saber intrínseco, a possibilidade de construir linguagem. Não faço obras a partir da filosofia, mas ela permeia todo o meu trabalho.”


Colecionador – “Ele pode ser um pensador que também cria linguagem com a sua coleção. Para tanto, precisa estar atento à dimensão de construção de linguagem que tem uma coleção de arte; ter sentido de responsabilidade histórica; ir abrindo possibilidades novas, à medida que vai construindo, com a visão dele da arte, aquele compêndio histórico.”

Carreira – “Sou profissional que faz perguntas sobre a arte e o sistema de arte, que se coloca também politicamente. Inclusive quando afirmo que um trabalho meu é colecionável. O mercado deve se transformar em função do trabalho do artista e não o contrário. Inhotim é uma instituição que faz isso. Ainda é uma exceção, mas espero que no futuro não seja. Já vejo outros museus no mesmo caminho.




Comentários

Postagens mais visitadas