Walmor Corrêa, Caio Fernando e Kim Joon


(imagem: Kim Joon)

A cor pintada jamais é inocente
Caio Fernando Abreu
Berlim – 09/07/93

Sinto um imenso encanto pelas imagens de Walmor Corrêa. Mais que “admiração” ou “respeito”, que também sinto, encanto é a palavra justa.
De alguma maneira vagamente associativa, elas me transportam para contos de fadas, música, poesia. São talvez seus pássaros , ovelhas, e estrelas tão delicadamente poéticos que filtram o peso nosso de cada dia para transformá-lo em vôo. O chumbo aqui, vira asa. Walmor transforma a sombra em possível luz. Seus azuis e amarelos são perpassados por uma suave melancolia, mais clara que a dor. O que não significa ingenuidade: como a palavra escrita, a cor pintada jamais é inocente.
Pode-se pegar no real com mãos de ferro, mas a escolha de Walmor foi pelas mãos de vidro. Há qualquer coisa que quase quebra em suas figuras - mais para Marc Chagall do que para Francis Bacon- frágeis e líricas, serenas e oníricas. A isso chamo de “um estilo”. E a esse estilo capaz de jogar rajadas de brisa limpa sobre o mofo das emoções humanas, chamo de arte. Walmor é um artista.
E consciente de que apenas parte de tudo isso é racional, não digo mais nada – só continuo encantado.

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