Um ato único de egoísmo


Ontem assisti The Hottest State (2006, adaptado do livro publicado pelo diretor Hawke).
Lindo filme. Chega ser engraçado como o amor é previsível, e por mais que se ame, só se conhece essa previsibilidade bem mais tarde na vida, no segundo ou terceiro tempo, e ainda assim, mesmo consciente de tudo, ainda é sempre, e de novo, um hottest state.

Com 21 anos, William é um ator estreante que vive em Nova York. Sara, aparece pela primeira vez no estabelecimento que William frequenta todas as noites, junto com outros jovens atores, artistas e estudantes. Ele usa a mesma piada que o pai usou para conquistar a mãe para se aproximar da garota, uma aspirante a cantora que havia se mudado para a cidade naquela noite. Dali para frente, acompanhamos o desenrolar do relacionamento a partir dos olhos de William. Eles se apaixonam perdidamente, não se desgrudam, viajam juntos para o México, onde será rodado o próximo filme de William. E é no calor do México que a película de Hawke justifica o seu título original, "o estado mais quente". É praticamente impossível esquecer que esse estado não dura muito e que o que vem na sequência talvez explique por que passamos a nos apaixonar de maneira mais sábia quando ficamos mais velhos.

"algumas pessoas não vão corresponder ao seu amor e você vai morrer de qualquer jeito, então, sai dessa!".

A histeria, é só uma pequena parte do amor...

Hoje é 5/10/2009

Quando tinha 15 ou 16 anos o vi pela primeira vez, quase de perto. Já havia visto antes em alguma revista ou na TV, ou algum livro na biblioteca em que eu cismava de me enclausurar toda tarde, depois da aula. Eu já tinha namorado, não era apaixonada, mas aquela visão me fez imaginar tantas coisas por tanto tempo.
O homem mais lindo de toda minha vida de 16 anos...
Então, por um acaso qualquer do destino, bem depois dos meus 30 anos e de muitos amores, ele com 50 e poucos abriu uma porta de quarto de hotel, bem mais baixo do que eu imaginava, e bem mais bonito.
Sua pele como uma porcelana, ele tão raro como uma pérola, um lindo anjo negro, ainda por ser escrito.
Sabia que um dia, esse dia viria, mas não de verdade. Ele me devia isso, corres vários riscos.
Então ele foi meu, e eu fui dele, e depois, de tão encantada, já estava feliz de nunca mais o ver. Isso não tinha a menor importância. O homem dos meus livros, o homem dos meus sonhos, tinha sido meu. Mas ele ligou, do aeroporto, e depois, todos os dias. Fiquei confusa, não queria que tivesse ligado. E ele ligou, ligou tantas vezes, e se tornou tão real que eu... que eu ceguei de medo, ou de qualquer coisa que tenha sido insuportável, como a realidade da perfeição, que olhando no espelho parece um monstro.

E o mandei embora.
Para sempre.

O filme é repleto de elementos autobiográficos e foi classificado pelo diretor como um "ato único de egoísmo".

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