O Jamaicano da Rua da Glória
Gosto de falar com pessoas que não conheço, as pessoas, geralmente da rua, tem mais a dizer do que qualquer um, sempre. Pessoas dessas que chegam e tem história prá contar, que já começam falando, são elas que me abrem grandes sorrisos de felicidade por estar viva. Mendigos, ex-presos, estrangeiros...
Hoje conheci um jamaicano de 53 anos, que parecia ter 40. Vinte e sete anos de cadeia, sobrevivente do Carandiru. Fala cinco idiomas, mãe loira (assim que nem você) e pai negão (assim que nem eu). Ele precisava da grana da passagem prá Santos, pensei tanto em dar mas... só dei prá pinga, que ele diz comer com farinha. Então ele começou a me falar uma linda poesia, que criou na hora, e que dizia coisas como: nunca te vi, sempre te amei, por que você me deu mais do que dinheiro, você olhou nos meus olhos, me respeitou e sorriu prá mim, e você tem um lindo sorriso, e nunca iria sentir tesão por um negão, mas eu já te amei, e te amo por isso...
Meu amigo tatuador, falou enquanto me enfiava a agulha: você conversa com todo mundo e acredita em tudo que todo mundo diz.
E que diferença faz acreditar ou não, ouvir e olhar nos olhos é importante, e se alguém ainda te faz rir, mesmo você não tendo um tostão prá dar, é o paraíso na terra! e logo eu que vivo no Inferno de sp, parece que já morri e fui prá casa do capeta, encontrar um anjo negro...
Desejei-lhe muita sorte, e agradeci as lindas palavras do jamaicano que é trigêmio com outros dois irmãos, e que tem quatro filhos e uma mãe loirinha assim como eu...
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Nina
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