A história do homem cego no metrô

aconteceu algo naquela segunda-feira de manhã cedo no metrô que eu queria te contar:

Entrou um homem cego na mesma estação que eu entro, eu já estava sentada, dormindo, só vi pq a moça jogou ele lá dentro, pq a porta já ia fechar. Reparei que era um cego diferente, diferente na forma de se vestir, era um homem bonito, parecia um recém homem cego.
Continuei dormindo. A cegueira me lembra os poetas, e há tanto a dizer sobre ela que me calo. Além do que, não me faz ver nada, nada além do que já vi tantas vezes...
Abri os olhos na estação Brigadeiro prá ver onde eu estava e vi a cena: o homem cego saindo do metrô, um outro homem que não era cego tentando ajudá-lo, segurou seu braço sem avisar. O homem cego levou um susto, teve uma reação de defesa, mas de quem iria brigar, agredir fisicamente o outro homem que não era cego, que ficou sem reação. Ele pediu desculpas, o homem que ia ajudar que não era cego, mas o homem cego não aceitou, disse: eu não preciso da sua ajuda, e ia indo para lado errado, mas, imediatamente se corrigiu na direção, então virou, e se foi. Todo mundo ficou rindo, o homem que tentou ajudar e que não era cego, levantou os braços tipo: deus o que eu fiz?
e eu dentro do metrô senti o coração acelerar, bater como no golpe de explodir do Pai Mei, e uma lágrima cair, só uma, num único olho embaixo dos óculos escuros.
Pensei: é um recém homem cego, só pode ser. Imaginei a escuridão e alguém do nada te pegando, sem vc querer ou pedir. O horror. Como acordar de um pesadelo com outro do seu lado.

O homem cego não me saiu da cabeça. Nunca o tinha visto antes, não reparo muito nas pessoas, mas quero falar com ele. Vou procurá-lo todos os dias no metrô. Falar nada de mais, tipo, qual é o seu nome, o que vc faz... conversa boba.
Faz uma semana e ainda estou procurando este homem.
Se os poetas são cegos, o que será que os cegos vêem na poesia?

Comentários

Anônimo disse…
Meu amor minha flor minha menina
Solidão não cura com aspirina
Tanto que eu queria o teu amor
Vem me trazer calor, fervor, fervura
Me vestir do terno da ternura
Sexo também é bom negócio
O melhor da vida é isso e ócio
Isso e ócio
Minha cara, minha Carolina
A saudade ainda vai bater no teto
Até um canalha precisa de afeto
Dor não cura com penicilina
Minha cora minha coralina
mais que um goiás de amor carrego
destino de violeiro cego
Há mais solidão no aeroporto
Que num quarto de hotel barato
Antes o atrito que o contrato
Telefone não basta ao desejo
O que mais invejo é o que não vejo
O céu é azul, o mar também
Se bem que o mar as vezes muda,
Não suporto livros de auto-ajuda
Vem me ajudar, me dá seu bem

Meu amor minha flor minha menina
Tanto que eu queria o teu amor
Tanto amor em mim como um quebranto
Tanto amor em mim, em ti nem tanto


adoro não moderação
bj
Anônimo disse…
oi Zé!
vc é cego
ou surdo?

bj
Nina
Anônimo disse…
mudo
lembra?
costuraram minha boca igual costuraram a sua! censura amiga...
teu nome na boca do sapo, tua boca ah ah ah...

beijão
aqui no Rio tá calor
Anônimo disse…
corre! a portela tá passando
bom feriado no rio Zé! mas detesto carnaval...prefiro zeca baleiro
Nina

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