A Egolatria do Artista... e a perigosa Idolatria

(texto "recortado" do Ruy Filho, foto... hummm de artistas de verdade)

"...O que tenho percebido no discurso comunicativo de jovens artistas e outros nem tão novos, é o despojamento do próprio ego. Explico:
a necessidade de reconhecimento imediatista, disponibilizado pelas mídias mais superficiais, conduziu os artistas à construção de uma persona que satisfaça os interesses externos, em detrimento aos seus anseios reais. Não se trata de simplificar a questão pela venda ou submissão. Vamos mais longe sobre isso... Optar ser artista é acreditar ter a capacidade de gerar discursos, cuja verdade inicial, portanto individual e própria, serve a todos como lhe serve, que seus argumentos e percepções são verdadeiramente necessários para levar o público (alienado ou ausente ou incapaz ou meramente desinteressado, tanto faz) a conhecer o que lhe escapa sobre a humanidade e a história, em si mesmo e os acontecimentos. Valorizar, portanto, sua egolatria, significa dar profundidade e credibilidade a suas inquietações tornando-as diálogos sinceros e próprios ao coletivo democrático imaginado por Habermas. Em nenhuma outra profissão ou função social poderemos nos atribuir a capacidade em ser divergentes da verdade. Um advogado prostra-se aos fundamentos da Lei, um médico aos procedimentos, um engenheiro à precisão do cálculo. O artista a ninguém, contudo. Apenas a si mesmo e suas idiossincrasias para gerar pressupostos filosóficos e estéticos. Por isso é fundamental sua crença na onipotência de seu discurso Infelizmente, como mencionei, a vaidade ególatra dos artistas atuais está mais na busca por sua aceitação e reconhecimento público do que necessariamente em sua capacidade em ser um indivíduo, em ser único. E aí reside a problemática em si. Sem sua individualização e separação do coletivo, os discursos oferecidos são replicações de falas comuns, portanto, incapazes de atribuir ao ouvinte as capacidades próprias do diálogo e da ação comunicativa...
Se um artista abandona sua egolatria, tudo aquilo que lhe torna realmente artista, em nome da noção efêmera e errônea de pertencimento, traduzindo seu trabalho em explanações do superficialismo do bem-comum coletivo, por que eu deveria levá-lo a sério?

Artista é aquele que simplesmente caminha, sem olhar ao lado, sem preocupar-se com o abraço e aplauso, e incomodamente abusivo no olhar olhos desconhecidos.

(Eu que não sou artista me pergundo... será?
O olhar não deveria incomodar? pq acima de tudo?
texto lindo, necessário neste momento, mas a última parte me diz: será?)

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