A dúvida do enfraquecimento do sentimento ou a boneca em pedaços

Por que?

Porque me tornei ele para que pudesse em algum momento me re-descobrir. Porque a ética me escapou, a agressividade e todo sadismo fez a maior farra nas minhas mãos. Penso...

A cada plavra, cada nome (conhecido ou não) mal-dito, cada comentário perverso, cada risadinha desolada, cada história sobre si mesmo, cada um, em todos, de todos, estava junto, ouvi, as vezes sorri junto, muitas fiquei no silêncio condenatório, do julgamento, mas não o suficiente.
Sou cúmplice. Cumplice.

Uma vez me perguntou: qual sua maior fantasia. Fantasia? Minha fantasia? É viver o dia-a-dia... Não! Não serve, quero teus pedaços, quero comê-los. Minha fantasia é dormir com você uma noite inteira (risadas horríveis). Pois você a terá: deitou, virou de costas e roncou a noite toda, ou o que sobrou dela. Passei boa parte da noite olhando seus lindos cabelos negros, cheios de falhas, estão caindo...

Havia um filme de uma mulher que não conheço, mas ouvi seu nome, profissão, mostrado palavras e risos... de uma mulher semi-nua e rastejando, e dizendo: eu te amo. Quase vi. Mas não vi. É como a última cena dos 120 dias do Pasolini, onde você é convidado a ser perverso, a olhar pela luneta, e vê, a não ser que tampe os olhos e goza, porque é humano, e também sádico e perverso, ou pelo menos cúmplice.

Culpa é coisa religiosa, de neuróticos que precisam de um padre.
Arrependimento é nojento, se viveu, o "a" seria de assumir.
No que me transformei?
E não posso culpar a bruxa, pois somos todos adultos e vulneráveis.

Podemos ir e voltar várias vezes? Podemos ir e ficar uma única vez?
Todos temos fantasmas, alguns transformam gente viva em fantasma, outros deixam-se transformar. Zumbis não amam, não sentem culpa, não se arrependem, não assumem. Zumbis apenas andam.
Minha redenção foi contar prá todos os envolvidos, quanta merda havia na minha mão.
Lambi. Limpei. Enterrei vivo um inconsciente muito perturbado.
E ganhei uma fantasma, o primeiro, enterrado vivo.

Alguém me disse:
".... todo mundo acaba cúmplice de quem ama.
A vida é assim, e quaisquer atitudes de alguém com a qual não concordamos só mostra o quanto devemos ser livres de todos, e pertencer mais a nós mesmos." vale a pena acrescentar nisso tudo, belas palavras,

obrigada Ana!

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