texto da tortura
(escrevi depois de assistir a peça do Ruy Filho
e pelos momentos de tortura que vivi e vivo, recentemente, exatamente como está descrito, no texto e na peça, entendo disso, reciprocamente...)
Nenhuma circunstância pode ser invocada para justificar a tortura.
Ninguém deve ser submetido a tortura ou a tratamento desumano ou degradante.
Chamo de tortura, tudo aquilo que deliberadamente uma pessoa possa fazer a outra, produzindo dor física, dor na alma, medo, desgaste moral, imposição deliberada, ordens ou uso do poder de qualquer tipo, desequilíbrio psíquico ou qualquer tipo de sofrimento. Ou algo que faça a dor se renovar, ou o outro acreditar no que não existe sem arbítrio sobre a idéia correta do que seja isso, o que realmente existe. A perpetuação do sofrimento pela incerteza da possibilidade de dúvida ou de poder ser sem que o outro ordene o que, também configura tortura. Obedecer é tortura.
Nem a lei, nem o torturador, podem punir idéias, sonhos, opiniões ou delírios.
A tortura se esconde sobre máscaras, geralmente é cinica, geralmente é de dar dó, geralmente nunca aprenderá nada sobre o amor.
A tortura acontece de várias formas, muitas vezes é consensual, geralmente só se descobre a cumplicidade depois da dor, e da fumaça dos cigarros...
A intenção? reduzir a identidade do outro, isentá-lo de características humanas e submetê-lo. Não há motivos geralmente.
No mundo, milhares de pessoas vivem ou viveram, ou viverão esse inferno.
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A tortura não é redutível ao repertório das violências e agressões. Esses são meios, apenas formas dela nascer e morrer. É uma relação de horror com a dor, seja ela qual for.
Qualquer um é capaz, todos temos demônios, e anjos negros. Mas alguns sentem prazer, outros se destroem. É a lógica do FAKE, a lógica do aniquilamento, do contrário, do avesso, do não exposto, das postas dos peixes mortos, dos corpos das bailarinas, e das mulheres dessossadas por punheteiros famosos e perturbados.
Exorcisar a agressão, vestí-la de fascínio, erotizando-a e vestindo-a de amor, é uma forma de fugir e de morrer.
É, finalmente, o abandono da demolição, do esquartejamento, da aniquilação.
Ainda há a necessidade de ser amada, e tanto amor que sobrou, sufocado.
Ainda...
não é tão complexo assim.
os zumbis andam por aí, não sabem que estão mortos... milhares de suicídios em uma única vida.
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