Cheiro

(p/G.)

E se o toque do outro de repente for bom? Só bom, essa é a palavra. E se gostarem. Só gostarem. Se o outro for bom para você. Se te der mais vontade de viver.
Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros forem bons.
O pé, no fim do dia. a boca de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente.
Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, à língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros.
E se tudo isso que tantos acham nojento for exatamente o que chamo de amor?
Quando você chega no mais íntimo. No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Nunca teve.
Você também tem cheiros, as pessoas tem cheiros.
Os animais cheiram uns aos outros. No rabo.
Teu cheiro não me desencontra, teu cheiro não me deixa, teu cheiro é melhor atrás do pescoço e nos meio das pernas. Teu cheiro me funda.

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