Dias dos Mortos

(Descobri Farnese em uma exposição de Freud no Masp, talvez 2000. Marcou meu mundo de imagens. Mas é preciso vê-lo ao vivo, a fotografia infelizmente diminui o impacto de sua poesia.)
Os Caminhantes, Farnese de Andrade, 1973/76

Tenho o gosto da morte há uma semana na boca.
Ela tem a cor vermelha, e fala baixo, quase não se ouve. Chegou e foi embora, levando-me um pedaço. Não disse adeus, por que vai voltar um dia, eu espero

Estava tudo escrito em um livro, mas um homem arrancou com toda violência do silêncio a última página. A idéia de não saber como terminou a história me enloqueceu, me deixou doente, da alma, do corpo. Sobrevivendo todo dia, não sei como lembrar minha perda, nem como falar com ela, não sou religiosa... Acendo uma vela, um incenso, uma oração que eu invento?
Gostaria mesmo de comer as caveiras açucaradas no México.

E te deixar ir em paz...

p/ Camila

"Que a estrada se abra à sua frente,
Que o vento sopre levemente às suas costas,
Que o sol brilhe suave e morno em sua face,
Que a chuva caia de mansinho em seus campos
E até que nos encontremos de novo,
Que o Céu te guarde na palma das suas mãos."

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