Engano

No chão em brasa que me deu prá pisar
Meus pés queimam de tanto gozar
E no teu incêndio eterno jogo meu mar
No fogo que colocou em casa
Danço nas brasas
E ainda mais, todos os dias, respirando
devagar, no teu ouvido todas as manhãs
Queima-me teu desejo
Me fez santa, me fez puta
Não sou isso, não sou aquilo
Não sou nada, não sou tua
Eu sou quem te estende a mão
Prá a tua arrancar
Quem te cerca de desejo e desejo
Prá sempre te deixar
Eu sou a calma sem alma
Eu sou quem não vai te dar um filho
Quem nunca vai te olhar de novo no olho
Com meus olhos arrancados do teu olhar
Eu sou quem vai te empurrar
Ladeira abaixo com os pés
Toda vez que andar do teu lado

Crianças brincam com chuva
Crianças brincam com sangue
O velho na rua desmaia
Bate a cabeça com força na sargeta e morre
O louco é louco aqui no Chile e na Itália
Amor é amor na tua cama ou na minha
O futuro não te espera
O presente não te vive
A vida não te leva
Se esconda de você mesmo
Se ainda houver de quem ou o quê
esconder...

Comentários

Anônimo disse…
flor...
caralho!
thelma mello disse…
também adorei a poesia incrustrada na pele e no sangue!
thelma mello

Postagens mais visitadas